Digital como centro

A constante mudança que vivemos torna a definição do presente algo sempre incompleto. Conseguimos definir o espírito do nosso tempo não por manifestações e mudanças culturais presentes, mas pelo seu reflexo no futuro. Por isso, não me atrevo a tentar falar sobre o futuro. O que venho propor nesse post é falar sobre a manifestação de uma tendência significativa na indústria, as campanhas centralizadas no digital.

Neste momento, estamos presenciando a votação do Tomorrow Awards, uma premiação que propõe a quebra de barreiras tecnológicas através da criatividade publicitária, como defendido por eles. O mais interessante é que essa manifestação não é própria das agências digitais, observando o shortlist, vemos a presença de diversos grandes grupos de comunicação que, através ou não de agências digitais fundidas, compradas ou associadas, desenvolvem excelentes trabalhos.

Deifinitivamente, existe um caminho estrutural de campanha sendo perseguido e algumas tentativas muito bem realizadas, como a Parallel Lines da Philips, realizada pela TribalDDB de Amsterdã, uma entre o shortlist da Tomorrow Awards. Neste caso, a campanha tem o propósito de lançar a nova série de televisores Philips, o que conta com uma boa verba para filme. E foi exatamente isso que eles fizeram, mas ao invés dos 30”, eles criaram 5 curtas com um mesmo diálogo, mas com técnicas, estéticas e histórias totalmente diferentes, entregando o conceito “There are millions of ways to tell a story. There’s only one way to watch one” de forma muito mais perene, interativa e participativa.

Talvez o caminho criativo fazia jus à essa centralização ou o público desse produto seja de cinéfilos e geeks, amantes de tecnologia que fazem questão de um televisor com internet e de interagir pela web. Independente, o que pode ser percebido é uma familiaridade cada vez maior com a internet por parte dos “stakeholders” da definição estratégica, avalizando cada vez mais a sua centralização. Talvez, já estejamos vivendo algum reflexo do futuro.

Por trás da campanha do Novo Sinal

Eu realmente fiquei chateado por ficar tanto tempo sem escrever e não foi por falta de assunto, tiveram ações bem bacanas como o Painel da Claro dos colorados e gremistas na Goethe, a ação da Unimed contra o fumo, a exposição do Correio do Povo, reformulação do caderno Donna e o Homem ideal no Twitter, entre outros. Na verdade, eu fiquei sem escrever por estar envolvido com a campanha do Novo sinal da prefeitura, na qual tenho o enorme prazer de participar e vim aqui explicar o que ela realmente significa pra mim. Para quem não viu, segue o selo e o filme:

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Ela significa muito por duas razões. A primeira é que dessa vez não estamos vendendo um produto, uma promoção ou um serviço, mas sim uma mudança de comportamento, estamos entrando no cliente e praticamente dizendo qual o produto ele deve conceber. A estratégia não se torna limitada à propaganda e seu plano mídia, no nosso caso, a estratégia está limitada pura e simplesmente pela nossa capacidade criativa e organizacional. E, sinceramente, isso sim é que é fazer comunicação!

A outra razão é que o trabalho ultrapassa cliente, mercado ou segmento. Ele inclusive extrapola seu local de atuação, o trânsito, e respinga na consciência de cada pessoa, na forma com que nós tratamos uns aos outros, no questionamento se o jeito brasileiro de levar vantagem não é uma desvantagem. Será que o ciclo não se fecha em nós mesmos?

E para os que infelizmente não acreditam nessa mudança de comportamento, experimentem uma vez fazer o gesto ou parar antecipadamente para as pessoas que estão na faixa, é extremamente gratificante receber um olhar de reciprocidade. E aos que não querem nem tentar eu adoraria que argumentassem o por quê, se conseguirem me convencer que minhas justificativas não se sustentam, eu prometo que paro de fazer comunicação, deixo de escrever nesse blog e vou pra Rio Grande trabalhar com oceanografia.

Margs e o Trensurb

O MARGS está com uma exposição muito bacana em comemoração ao ano da França no Brasil: Arte na França 1860 – 1960: O Realismo. Pra tirar beicinho de quem reclama que nossa cidade não está no cenário cultural. 

O foco da exposição, de acordo com o museu, está no período em que o realismo se afirma na arte francesa e passa a influenciar o panorama cultural internacional. A DCS fez uma campanha muito bonita, retratando personagens de grandes pinturas chegando à Porto Alegre por diversos meios.

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Fazendo um gancho muito medíocre, mas até apropriado, agora quem mora em Novo Hamburgo e nas redondezas pode vir à Porto Alegre de uma nova forma, expandiram o Trensurb. E a comunicação, não sei se proposital, é um banner expansível, sendo uma metáfora geek ou não, e mesmo que eu não acredite muito em banner, ficou bem legal:

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Sem querer desmerecer Novo Hamburgo, e tentando amenizar a mediocridade do meu gancho acima, diferentemente do que muitos acreditam, os frequentadores deste tipo de exposição são  proletariados. Sinceramente, patrícios não sabem apreciar este tipo de evento e qualquer pessoa que frequente, verá muito mais pessoas simples e que buscam um entretenimento para final de semana diferente de futebol e caldeirão do Huck, ainda mais agora, com um novo transporte!

Campanha Eleitoral na Internet

Pesquisa Interativa da Rádio Guaíba. Você é favorável à liberação da campanha eleitoral pela internet?

Sim: 26%, Não: 31% e Indecisos: 43%

Eu tenho 1 consideração e 1/2 sobre o resultado dessa pesquisa.

A primeira é óbvia, as pessoas não tem a mínima ideia do que se trata uma campanha eleitoral pela internet. Por maior que seja o número de usuários brasileiros, 62,3 milhões (Ibope Nielsen Online),  apenas uma grande minoria ficou a par do que realmente foi a campanha do Obama, de que o melhor emprego do mundo era uma campanha de Queensland, estado da Austrália ou sabem do Twitter do Serra (@http://twitter.com/joseserra_)

A 1/2 consideração é que, a maioria das pessoas que disseram não, também não tem a mínima ideia do que se trata uma campanha eleitoral pela internet, e o princpal motivo é o medo do desconhecido. As pessoas podem até entender que existem redes sociais e que podemos nos comunicar através de diversas ferramentas, mas imagina ser bombardeado por políticos através delas, ou tentar entender suas propostas, já que nem conseguimos entender essas intenções via santinho.

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Logicamente, como publicitário, eu sou a favor da liberação, fico imaginando as possibilidades criativas e como eu adoraria trabalhar em projetos com tamanho budget e descontos barganhados, mesmo que seja para uma minoria da população. Minoria porque apenas 26% disse que sim entre 62,3 milhões de brasileiros que usam a internet, ou dizem que usam, mas na verdade não tem a mínima ideia do que se trata uma campanha eleitoral pela internet, do que foi o case do Obama, do blog do Lula, de que merda é essa de Twitter…

Você que entra e não cabe.

Eu me sinto aliviado quando entro em qualquer nova plataforma e ela é simples e objetiva, como o hotsite da campanha Mulher Colorada do Inter feita pela Novacentro:

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Ele entrega o que se propõe: aumentar o número de sócios nos estádios. Bom, quem são os principais advogados da marca e formadores de opinião no futebol??? Pois bem, o hotsite é apenas uma ferramenta de recomendação. Uma forma bacana, querida e colaborativa de arrecadar sócios. Resultado: 1.700 convites no primeiro dia.

O mundo digital nos confere tantas oportunidades que a ansiedade às vezes parece tomar conta do propósito inicial dos projetos. Por mais conectados, wi-fiados e multi-tasking que somos, a gente não necessita de um portal em todos os momentos. “Você que entra e não cabe” já dizia Vinicius. Ou seja, uma verdadeira experiência de marca tem que ser honesta e simples,  independente do segmento ou do produto. E isso serve desde o sorobô de uma torcida de futebol ao arranjo da Tonga da Mironga do Kabuletê:

Crack, Nem Pensar.

Está no ar a campanha do Grupo RBS contra o crack. Ela foi desenvolvida pela Matriz que trabalhou com o conceito: Crack, Nem Pensar. Eles tinha como principal objetivo na campanha, de acordo com Bruno Araldi, planejamento, nenhum novo consumidor de crack.

Esse é realmente um tema muito pertinente. Todos os dias ficamos sabendo de algum caso de roubo, assalto, mortes e, por muitas vezes, a dependência da merda da droga estava entre os motivos. Meu porteiro, Willian, me contou uma dica importante, geralmente os caras assaltam em véspera de feriados e finais de semana para garantir a farra. Ou seja, ela realmente começa em momentos de diversão, uma curiosidade infantil. O tom informativo também mostra como a campanha está bem posicionada em relação a isso.

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Foi feito um site com um conteúdo supercompleto, desde como funciona a droga e o vício até ONGs que trabalham no apoio de viciados e familiares. Além de bonita, a campanha tem uma caráter social que apresenta um problema verdadeiro, o desafio dela não é vender mais, pelo contrário, o consumo exagerado leva a morte e dizem que é por isso que os traficantes no Rio não vendem crack, eles pensam no consumidor a longo prazo.

Institucional Unisinos

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Linda campanha da Unisinos retratando as pessoas e o ambiente universitário como aspectos propulsores de alguma coisa maior, e não é verdade? 

A gente sempre se encanta com o que uma univesidade pode nos oferecer, no caso da Unisinos, ela tem uma estrutura maravilhosa, pra tudo quanto é tipo de experimentação e atividade. Mas a campanha parte para um plano imaginário, exercitando a reflexão do que aquilo pode me agregar, no que eu me tornarei, ela toca na auto-estima, no ego.

 

Outro ponto interessante é a assinatura. Não existe uma linha separando a parte lúdica da parte racional/comercial, ela conversa com o narrativa e insere a Unisinos de forma suave. A mensagem entra no imaginário e fica por lá mesmo, ela realmente é um convite!

Cisne Negro

Um plesiossauro invadiu o Parque da Redenção em Porto Alegre. A ação foi feita para o 17º Festival Mundial de Publicidade de Gramado, que ocorre nos dias 3, 4 e 5 de junho, o terceiro maior evento do mundo na área em numero de participantes.

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A ação ficou muito bacana, ela chama bastante a atenção pois remete direto ao monstro do Lago Ness escocês. Mas, na verdade, esse monstro está mais para um cisne negro na bonita campanha da GlobalComm que se ambiente no Lago Negro de Gramado, lindo cartão postal da cidade, onde cisneis pedalam pela superfície levando os palestrantes estufados de fondue:

Ela tem um estética negra mesmo, super de acordo com o meu sentimento no momento. É completamente inviável que eu consiga ir ao evento, e acho que grande parte dos publicitários gaúchos também não podem se desligar de seus trabalhos no meio da semana, talvez eu realmente não seja o público.

Jovens estudantes do mundo inteiro devem ter reservado seus lugares e aguardam ansiosos pela palestra do Neal da Naked, as dicas empreendedoras do Rony e por ter a oportunidade de conhecer a Serra Gaúcha. Outro público são os vps e diretores que buscam exercitar seu networking e ficar tão estufados como os palestrantes. Já eu, representante da classe média publicitária, funcionário de uma agência gaúcha, vou ficar em Porto Alegre. Por isso meu sentimento negro e este post desabafo, eu não veria problema algum se o Festival de Publicidade de Gramado se tornasse o maior do mundo.

Hotsite FIERGS

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Achei a campanha da FIERGS muito bonita, ela passa a mensagem de forma simples e clara o que pretende sua instituição. Em épocas de crise, para um dos setores mais afetados, inovar é realmente preciso.

Mas o que realmente me chamou a atenção é o hotsite linkado com o banner. Ele contém todas peças da campanha institucional: anúncios, filme, áudio e mídia externa. É sóbrio, simples e transparente: minha comunicação é essa e.

Eu acabei entrando em cada uma das mídias e interagi muito mais do que diversos hotsites. Não sei, existem campanhas que querem dizer muito em pouco tempo de conversa, acaba que se torna o maior chato. Ainda bem que na internet podemos fechar a página sem ofender ninguém.